Como o MEI pode manter as contas no azul sem os benefícios da CLT?
Descubra estratégias para equilibrar as finanças pessoais e empresariais como MEI, mesmo sem os benefícios da CLT. Dicas práticas.
Desde 2017, com a reforma trabalhista que facilitou a terceirização de serviços, o Brasil presenciou um aumento significativo no número de Microempreendedores Individuais (MEIs).
O estudo “Perfil do MEI“, divulgado pelo Sebrae, revelou que mais de 60% desses profissionais tinham vínculo empregatício sob as normas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) antes de optarem pelo empreendedorismo.
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Apesar de vantagens como a redução de encargos trabalhistas, especialistas alertam que a mudança exige um comportamento financeiro mais responsável e estratégico.
Ao contrário do trabalhador CLT, o MEI precisa planejar suas finanças para cobrir benefícios que antes eram garantidos, como férias remuneradas, 13º salário e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
A Ilusão do Aumento de Renda: Como Gerir Ganhos Brutos?
Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), explica que muitos profissionais, ao se tornarem MEI, enfrentam dificuldades para ajustar suas finanças.
Isso ocorre porque o valor bruto recebido frequentemente passa a impressão de um aumento de renda.
Domingos recomenda que os MEIs reservem cerca de 30% de sua receita mensal para substituir os benefícios perdidos, organizando-se da seguinte forma:
- 10% para férias remuneradas.
- 10% para um 13º salário autônomo.
- 10% para uma reserva de emergência.
“É essencial adotar uma visão empresarial sobre os ganhos, entendendo que a responsabilidade pelo futuro financeiro é exclusivamente do profissional”, afirma.
A Realidade Financeira de um MEI: Estudo de Caso
Vinícius Rodrigues, um analista de dados de 34 anos, é um exemplo típico de quem precisou se adaptar ao modelo PJ.
Após ser demitido no início da pandemia, ele migrou para o MEI por falta de opções no mercado.
Embora tenha mantido uma renda bruta semelhante ao que recebia como CLT, ele precisou arcar com custos adicionais, como plano de saúde, contas de energia e água, além de equipamentos de trabalho.
Apesar de receber dois “salários extras” anuais da empresa para a qual presta serviços, Vinícius relata dificuldades para criar uma reserva de emergência ou investir em uma previdência privada.
Essa situação reflete um cenário comum entre MEIs: a falta de planejamento financeiro pode comprometer tanto a saúde financeira quanto os objetivos de longo prazo.
Dificuldades enfrentadas por MEIs de baixa renda
De acordo com o estudo “Empreendedorismo nas Famílias de Baixa Renda”, do Sebrae, cerca de 30% dos MEIs estão cadastrados no CadÚnico, sistema que engloba programas sociais como o Bolsa Família.
Muitos desses empreendedores atuam em setores como serviços, comércio e construção civil, e enfrentam desafios significativos para equilibrar suas finanças.
As dificuldades incluem a falta de reservas para emergências, acesso limitado a investimentos em seus negócios e instabilidade nos rendimentos.
5 Dicas práticas para manter as finanças do MEI equilibradas
1. Controle do fluxo de caixa e situação fiscal
Acompanhar todas as entradas e saídas financeiras é essencial para identificar e cortar gastos desnecessários.
Além disso, é fundamental manter em dia o pagamento do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) e a Declaração Anual de Faturamento para evitar multas e perda de benefícios previdenciários.
2. Planejamento financeiro eficiente
Planejar um orçamento que contemple gastos fixos, reservas para emergências e reinvestimentos no negócio é imprescindível.
Antes de expandir o padrão de vida, o MEI deve considerar se o aumento de renda é sustentável.
3. Criação de uma reserva de emergência
Reservar parte dos ganhos mensais para períodos de baixa demanda é uma prática indispensável.
Essa reserva também pode cobrir custos como manutenção de equipamentos e licenças de software, garantindo a continuidade do negócio.
4. Gestão do estoque e despesas sazonais
MEIs que lidam com produtos ou serviços sazonais, como decoração para festas, devem planejar compras e contratações extras com cautela.
Estoques excessivos ou despesas mal calculadas podem gerar dívidas no início do ano seguinte.
5. Estabelecimento de metas pessoais e empresariais
Além de focar nos objetivos do negócio, o MEI deve manter metas pessoais, como a compra de um imóvel ou viagens de férias. Esses objetivos ajudam a manter a motivação e a disciplina financeira.
A importância do planejamento para o sucesso do MEI
A transição de um regime CLT para o MEI pode oferecer mais liberdade e oportunidades, mas também exige maior disciplina financeira.
Para evitar problemas, os microempreendedores devem adotar práticas que assegurem tanto o bem-estar financeiro quanto o crescimento sustentável de seus negócios.
Com planejamento, metas claras e um controle eficiente de despesas, o MEI pode não apenas equilibrar suas contas, mas também prosperar como empreendedor.